Operando com 127% da capacidade na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal até a tarde de quarta-feira (17), o Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Unicamp (Caism), em Campinas (SP), suspendeu as internações neonatais e de obstetrícia de baixo, médio e alto risco.
Mesmo com leitos de UTI disponíveis para adultos, a superlotação compromete o atendimento de gestantes pré-termo, ou seja, que têm menos de 37 semanas gestacionais.
Em ofício enviado à Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) e ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a unidade informou que a UTI neonatal, que possui 15 leitos disponíveis, está com 19 bebês internados. Já na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), que também possui 15 leitos, há 18 recém-nascidos.
“Dos 19 RNs [recém-nascidos] internados, 12 estão sob ventilação mecânica. Ainda temos quatro RNs em isolamento Covid, o que nos obriga a uma adequação do espaço físico para garantir a segurança da assistência […] Estamos em situação crítica de atendimento, já que nosso limite foi muito ultrapassado”, diz o texto.
A unidade é referência regional para atendimento de gestações de alto risco, bem como de bebês que nascem com menos de 1 mil gramas. Até a tarde de quarta, havia somente uma vaga de urgência na UTI destinada a adultos e, segundo o superintendente do hospital, Luís Otávio Zanatta Sarian, provavelmente ela seria preenchida no mesmo dia.
‘Problema muito sério’
Ainda segundo Sarian, a falta de vagas neonatais fez com que, na semana passada, a unidade recusasse o encaminhamento de uma gestante que residia na região e estava intubada em decorrência da Covid-19, ainda que tivesse leitos de UTI livres para adultos.
“Não conseguimos acomodar gestantes pré-termo, uma vez que, caso o feto venha a nascer, não teremos como prestar assistência neonatal. Ficamos limitados em nossa capacidade de receber gestantes pré-termo, e temos dificuldade, inclusive, em conduzir aquelas que já estão conosco. É um problema muito sério de nossa região”, explicou o superintendente.
Sarian afirma ainda que o redirecionamento de pacientes é constante. “Praticamente todos os dias são redirecionados pacientes. […] Nós também solicitamos às Cross vagas em outros hospitais, com a finalidade de transferir nossos casos menos graves a fim de abrir vagas para recebermos os casos mais complexos”, pontua.
O que diz o estado?
O G1 questionou a secretaria estadual de Saúde sobre a taxa de ocupação nas UTIs neonatais dos Departamentos Regionais de Saúde VII e XIV, de Campinas e São João da Boa Vista, respectivamente, além da quantidade de gestantes pré-termo e recém-nascidos na fila por uma vaga de UTI.
Em nota, a pasta se limitou a dizer que “não há solicitação pendente para pacientes gestantes pré-termo (Covid ou não Covid) e/ou leitos de UTI neonatal no sistema da Cross (Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde) referentes às cidades da região de São João da Boa Vista”.
A secretaria estadual de Saúde destacou ainda que as referências de UTI neonatal são as Santas Casas de Mogi Guaçu (SP) e Mogi Mirim (SP).
A Saúde não respondeu, no entanto, sobre a situação na região do Departamento de Saúde de Campinas, composto por 42 cidades.
Por G1