Segundo a Educação Metodista, plano de recuperação vai ser apresentado em seis meses e medida visa dar segurança à instituição e aos credores.
A Educação Metodista, grupo que administra a Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) anunciou que pediu recuperação judicial. Segundo a diretoria, em até seis meses será apresentado um plano de recuperação e a adoção da medida visa dar mais transparência ao caso e segurança à instituição e aos credores. Em fevereiro, a Unimep anunciou fechamento de 30 cursos, o que vai afetar cerca de 500 alunos, devido a dificuldades financeiras.
A recuperação judicial serve para evitar que uma empresa em dificuldade financeira feche as portas. É um processo pelo qual a companhia endividada consegue um prazo para continuar operando enquanto negocia com seus credores, sob mediação da Justiça. As dívidas ficam congeladas por 180 dias e a operação é mantida.
O pedido judicial foi apresentado na última sexta-feira (9), ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS).
“A gente vem passando por um período bastante desafiador, difícil, já de alguns anos pra cá, começando com a questão do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), com a questão de uma competição de mercado bastante acirrada e agora aí culminando um pouco com relação à pandemia. A situação começou a ficar cada vez mais grave, tivemos uma perda de alunos muito significativa”, relata Aser Gonçalves Junior, diretor de operações estratégicas da Educação Metodista.
Com isso, segundo ele, houve queda nas receitas e aumento nas dívidas. “Nesse momento, o que nós estamos entendendo é que a recuperação judicial é um instrumento jurídico muito importante para nos ajudar a fazer a recuperação”, afirmou
A medida vale para 11 colégios e seis instituições de ensino superior (duas universidades, dois centros universitários e duas faculdades), que oferecem 80 cursos presenciais e 25 cursos na modalidade EAD nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. A instituição emprega cerca de 3 mil funcionários, dos quais 1.200 são docentes, e atende 19 mil alunos da educação básica ao ensino superior.
Segundo Gonçalves Junior, a nova medida não vai afetar o cenário atual nos campi da Unimep na região de Piracicaba. No entanto, o instrumento jurídico reflete na organização das dívidas trabalhistas que a entidade possui com trabalhadores dessas unidades (leia texto abaixo).
“Com relação à questão dos passivos trabalhistas, esses todos entram agora dentro de uma negociação ampla, dentro da recuperação judicial, onde eles vão ser endereçados, acolhidos e organizados dentro de um fluxo de pagamento possível que a gente vai ter que discutir em conjunto”, acrescentou. Segundo Maurício Fountoura Trindade, diretor financeiro do grupo, a classe trabalhista recebe prioridade neste processo.
Fechamento de cursos
O fechamento de 30 cursos de graduação da universidade tem reflexo em três campi, em Piracicaba (SP) e Santa Bárbara d’Oeste (SP).
Não haverá mais aulas nas unidades de Santa Bárbara e do Centro de Piracicaba e as atividades serão concentradas em 12 cursos no campus Taquaral, também em Piracicaba.
Para os alunos as opções são mudar de curso ou continuar a graduação em outra instituição.
“Os alunos poderão fazer transferência interna de curso, poderão migrar para cursos EAD (ensino à distância). Também tem essa alternativa, com incentivos também, para mudar de modalidade de curso ou a alternativa de mudar para uma outra instituição”, explica o reitor da universidade, Ismael Forte Valentin, em fevereiro.
Segundo ele, os universitários vão receber o certificado da instituição onde concluírem o curso.
Crise financeira
Nos últimos anos, a Unimep vem apresentando problemas financeiros. Em novembro do ano passado, professores entraram em greve alegando atrasos no pagamento de salários e de verbas trabalhistas. Sem acordo na mediação pela Justiça Trabalhista até o momento, a paralisação continua.
A universidade não informou como vai ficar a situação dos professores dos cursos fechados.
Todos os alunos que estavam matriculados em Santa Bárbara d’Oeste serão remanejados para a Faculdade de Americana, a FAM. O tempo do curso será o mesmo.
Greves
A Unimep também sofre com uma série de paralisações de funcionários devido a dívidas trabalhistas ao longo dos últimos anos. Em 2018 professores decidiram entrar em greve por conta de atrasos de salários e pela instituição não depositar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) na época.
Em março de 2020 os funcionários da instituição também entraram em greve por conta de atrasos em salários e benefícios.
Professores entraram em greve da categoria em 30 de novembro de 2020, também apontando atraso no pagamento de salários, 13º, férias e no depósito do FGTS.
Em 5 de fevereiro houve uma audiência de conciliação entre professores da Unimep o Instituto Educacional Piracicabano (IEP), mantenedor da instituição de ensino. Contudo a reunião terminou sem um desfecho no impasse.
Com informações do G1